A dor de se acostumar com a ausência
quando a saudade se torna um hábito e a perda se transforma em presença
Eu vi uma frase que me fez parar por um momento: “Eu sinto sua falta quando percebo que estou me acostumando com a sua ausência.” Em um primeiro momento, ela parece algo simples, mas depois que você começa a refletir, percebe o peso que ela carrega. Às vezes, a dor de perder alguém não está na ausência imediata, mas no fato de que, com o tempo, a gente começa a se acostumar com ela, e isso é o mais difícil de aceitar.
Quando terminei aquele relacionamento que não chegou a se consolidar oficialmente, foi como se um pedaço de mim tivesse sido arrancado sem cerimônia. Eu não sabia ao certo se estava lidando com a perda de algo que nunca foi de fato meu ou com a ausência de algo que poderia ter sido, mas que, por uma razão ou outra, se desfez. A primeira fase da dor é a mais intensa, quando você se recusa a acreditar que aquilo realmente acabou, quando você ainda espera que algo mude, que ele volte, que o que foi perdido possa ser encontrado de alguma forma.
Mas a tristeza vem lentamente, como uma sombra que se arrasta. No começo, é como se você ainda estivesse esperando um telefonema, uma mensagem, uma simples manifestação de carinho. E então, o tempo passa. As mensagens que você enviou já não são respondidas, os pensamentos de que talvez ele mude de ideia começam a desaparecer. E é aí que você se dá conta: você está começando a se acostumar com a ausência dele.
Isso é tão difícil de engolir. Como se, de alguma forma, fosse possível aceitar que alguém que era parte tão importante da sua vida, alguém com quem você compartilhava momentos, risos e até silêncios, simplesmente desaparecesse. Eu sei que, para ele, a decisão de terminar foi algo necessário. Mas para mim, não. Para mim, essa ausência nunca foi necessária. Ela foi forçada. E o pior é que, com o tempo, a dor vai se tornando uma presença constante, mas a intensidade dela vai diminuindo. A saudade ainda está lá, mas você começa a aprender a viver com ela.
O que mais me dói nessa ideia de “me acostumar” com a ausência é perceber que o tempo passa e você começa a ajustar seus hábitos, sua rotina, seu jeito de viver sem a presença daquela pessoa. Você aprende a respirar sem ela. Aprendemos a nos manter ocupados, a fazer de conta que está tudo bem, quando, na verdade, o que realmente sentimos é um vazio. E esse vazio não é preenchido por nada, nem por novas relações ou novas experiências. Ele permanece, persistente, como um lembrete constante do que foi perdido.
Não quero me acostumar com isso. Não quero me conformar com a ideia de que ele não faz mais parte do meu mundo. Eu não quero aceitar que ele está vivendo a vida dele, seguindo seu caminho, enquanto eu, aqui, fico com as memórias do que poderia ter sido. Porque essa ausência, que começou como algo agudo, vai se tornando parte de mim. E, ao contrário do que eu gostaria de acreditar, ela não vai embora. Ao contrário, ela se mistura com o meu próprio ser.
O pior não é só a ausência dele, mas a forma como essa ausência começa a se tornar uma parte de mim.
Eu sei que a vida segue, que o tempo cura, que novas oportunidades surgem, mas existe um sentimento que fica. E ele não é fácil de lidar, porque ele nos força a refletir sobre o que realmente importa e sobre o que decidimos permitir em nossas vidas. Talvez seja assim que as pessoas amadurecem, aprendem a viver com a saudade e com o vazio. Mas, para mim, aprender a viver com a ausência de algo que foi tão importante é como aprender a respirar de novo. Não é natural. Não deveria ser.
Então, enquanto tento me acostumar com essa ausência, eu me pergunto: será que algum dia eu deixarei de sentir falta dele? Será que o tempo vai apagar esse vazio que hoje parece insuportável? A verdade é que não sei. O que eu sei é que essa dor, esse acostumar-se, não é um processo fácil. E, de certa forma, sei que, mesmo que o tempo passe, a saudade e a falta não vão embora. Elas vão apenas aprender a conviver comigo.
a verdade é que muitos falam " o tempo cura " mas a gente só aprende a viver sem ( mesmo lembrando), esse texto é como se você tivesse dentro da minha mente e pensando as mesmas coisas que eu e isso me fez sentir que eu não sou a única a pensar assim e ter esse sentimento
amiga, o tempo cura tudo!! mesmo que agora até a ausência doa, com o tempo, ela vai deixando de ser tão insuportável assim. Vai ficar tudo bem. Se cuida, adorei o texto ❤️